Jun 19, 2012

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E então aquele corvo trazia um pedaço da lua em seu bico de diamante... E as tochas em suas asas batiam velozes a 300 mil metros por segundo. E nada daquilo queimava como outrora. Sentado à beira de um colapso meio-fio, um trator chorava em prantos de cimento sem fim, acima dele apenas o subterrâneo e o alcaçuz de vontades da menina pálida que passava ali por acaso e jazia bonina em sua boca de mel.

O ar suspirava em gemidos curtos enquanto aquelas quase sem-mentes transbordavam em mentiras fúnebres e limpas. Ninguém havia percebido o homem sem braços comendo maçã, porque na verdade ele podia imaginar aquilo tudo invertido e azul, sem mais nem menos do lado de fora da multidão, que festejava o fim. E apenas aqueles dois franzinos esqueciam que dia era hoje, sonhando pedaços de vidro iluminados por diagramas cor de rosa. Seus olhares cruzavam os mares de anis. E a suave brisa de uma figueira falante deixava que os dois se concentrassem no terceiro episódio de suas vidas medíocres. Por fim, a porta se fechou de cabeça pra baixo para mostrar ao corvo onde entrar e tomar seu chá de cinzas alegres.

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Buuuuu