Acho que sou fã do Hulk antes de colecionar quadrinhos, desde que me entendo por gente, acho que reconheço o personagem, tipo como aqueles que fazem parte da infância e tudo mais.
Sempre vi na dualidade a maior referência e identificação com o personagem. Não é apenas um fator "Médico e Monstro" e mais uma coisa Id e Superego. O Hulk representa tudo aquilo que reprimimos, é uma força primal que existe dentro do ser humano e que existe no nosso dia-a-dia e acho que quem melhor captou isso foi mesmo Peter David. Seu Hulk era quase pálpável, as lutas dentro da mente de Banner eram mais que um gigante verde querendo aflorar, eram as frustrações do "puny human" Banner que se tornavam raiva e explosão na forma do Hulk, verde, cinza ou que cor fosse.
Bill Mantlo e Roger Ster também fizeram histórias memóráveis com o personagem. As edições que antecederam Incredible Hulk 300 (aqui picotada em Hulk #52 em formatinho) desde sua volta das Guerras Secretas, acabando sem dó com o vilão Bumerangue, até literalmente destruir Nova York são atemporais.
Roger Ster escreveu uma história, pulada pela Ed. Abril, acho que na edição #227, que o gigante parava à frente de uma estátual de Sócrates e após ter tidos alguns flashbacks e memórias do passado, refletiu sobre uma frase estampada na estátua: "Conhece-te a ti mesmo". Um monstro foi vencido por uma frase. E fez todo o sentido do mundo. Uma das melhores histórias do Hulk e que não foi publicada aqui.
De volta à Peter David, acho que ele melhor captou uma ideia plantada no longíquo Incredible Hulk #312 (aqui no Formatoinho #62), no qual temos a "origem" de Bruce Banner, quando conhecemos o que ele passou nas mãos do pai e sua tristeza pela ausêmca da mãe. Tudo muito bem pensado, pra um personagem que era nada mais que um brutamontes irracional. E acho que PAD conseguiu fechar muitas pontas - e com perfeição - na inesquecível Incredible Hulk Minus -1 (Marvel '99 #10); na forma de um teatro narrado por Stan Lee, Peter David contou a Bruce Banner a verdade sobre suas memórias reprimidas. Dando mais profundidade ao personagem que nenhum roteirista jamais deu.
Não sou tão fã do Hulk Burro ou do caroneiro a lá Bill Bixton/Lou Ferigno, mas essa histórias tem seu valor.
Atualmente não estou podendo acompanhar muito, mas li todo o planeta Hulk e Hulk Contra o Mundo. Sobre Planeta Hulk achei um tanto que uma desculpa de Greg Pak (claro tirando o bla, blá, blá sobre que ele podia ter decidido a Guerra Civil e etc..) mas tirar o personagem de seu habitat e quase que recriá-lo num novo contexto é meio que uma técnica utilizada por roteirista que não conhecem a fundo o personagem com que trabalham e o põe em outro território que possam usá-lo sem ser recriminado. Longe de mim dizer que Pak fez isso, mas me lembrei disso quendo li a saga.
Planeta Hulk o personagem deu uma de "Justiceiro" apenas se vingando, meio vazio, não sei o que vem pela frente, e Hulk Vermeho pode até agradar quem é fã de lutas sem nexo e arrasa-quarteirões, mas é pouco do que se espera do verdadeiro Hulk.
Gosto muito do personagem e quero vê-lo novamente em boas mãos. Atualmente, pra mim, fora Peter Favid, acho que quem poderia botá-lo nos eixos seria Ed Brubaker ou alguém como Kurt Busiek ou Brian K. Vaughan... ou qualquer um que entenda da psiquê humana.
Poderia passar horas falando das histórias nonsense de Stan Lee, das passagens de John Byrne, Paul Jenkins Bruce Jones ou Joe Casey, até da editora Bobbie Chase, mas paro por aqui! =)
E Hulk e Demolidor e depois as revistas dos dois separadamente eram compras certas todos os meses! Pena que o personagem não viva só de leitores como eu.
(espero que aguentem ler tudo.. )
Excelente post. Me identifiquei com quase tudo o que vc falou, realmente o Hulk é um dos personagens que mais poderiam render boas histórias à Marvel (e que inclusive já rendeu), porém é um dos mais subaproveitados. Quase não consigo considerá-lo um "super-herói". Também ainda acho muito fodas as histórias da época da Encruzilhada e algumas pouco depois. Vida longa ao gigante esmeralda!
ReplyDelete